“A meteórica ascensão política do carioca Eduardo Consentino Cunha, 57 anos, economista, ex-radialista, será dividida daqui para frente entre AD e DD. Antes da Denúncia do Procurador Geral da República que o alvejará hoje, e Depois da Denúncia. Antes dela, Eduardo era o todo poderoso presidente da Câmara dos Deputados e um dos caciques do seu partido, o PMDB. Cortejado pelos líderes dos demais partidos, tinha a força para abrir um processo de impeachment contra a presidente da República. Depois da denúncia, e por mais que proclame sua inocência e que finja tranquilidade, durante algum tempo ele se debaterá como um náufrago que tenta não morrer afogado. Até a ocasião em que assistiremos ao início do seu longo e excitante velório político. Segundo Rodrigo Janot, procurador-geral da República, ele recebeu 5 milhões de dólares em propina paga pelo empresário Júlio Camargo. É o primeiro de uma longa lista de quase 50 políticos cujos destinos ficarão por conta dos 11 ministros do STF. Como bom ator, procurou transmitir serenidade. Falou, de preferência, para seu público interno, que ainda não o abandonou, mas também mandou recado para os outros dois especiais endereços da Praça dos Três Poderes, em Brasília – o Planalto e o Supremo. Por ora, era o que ele poderia fazer. A consistência da denúncia do procurador dará uma ideia da sobrevida a que Eduardo terá direito. Se ela impressionar pelos provas citadas, Eduardo será, pouco a pouco, largado de mão pelos que sempre o apoiaram.E ao fim e ao cabo, só lhe restará a renúncia. (Blog Ricardo Noblat).