Tio Bruda, o dedo duro e o governador “ventana”
– Alô, tio Bruda! – Oi, tio Canga, maravilha o senhor me ligando! Sempre sou eu que gasto os pilas, lhe chamando no telefone. -Não te faz de salame, tio Bruda! Se achando importante agora, só porque é amigo do “dedo duro”, lá do Uruguai? – Tá me estranhando, tio Canga? Que “dedo duro” é esse? -Brincadeira tio Bruda. Acontece que depois que o seu compadre Mujica denunciou em seu livro que o Lula tinha lhe confessado que sabia do “mensalão”, surgiu a piada da nova dupla sertaneja internacional: “Dedo Duro & Sem Dedo”. -Ah! Ah! Ah! Ah! essa eu vou contar prô cumpadre Mujica! Diz que o Lula tá esperneando mais que bode embarcado. – E a nossa política aqui, tio Bruda? agora com o passamento do “gênio político” Luiz Henrique, como é que fica o Raimundo e o PMDB? – Pois então, tio Canga! Com esse infortúnio acontecido, o PMDB ficou mais perdido que surdo em bingo! Os partidário do home ficaram tudo órfão, não sabem prá que lado se bandiá! Ficaram entre o espirro e o bocejo, sem a faca e sem queijo. Pois agora, tio Bruda? o vice governador Pinho Moreira já andava reclamando que estava “sem tinta e sem caneta” e ainda morre o dono do partido, o que vai acontecer acontecer agora? – Já está acontecendo , Tio Canga. – Mas como assim , Tio Bruda, me explica isso. – Se atente, tio Canga! Por causa da churumela do Pinho Moreira, o governador Raimundo, que é mais pacencioso que gato de bolichero, de birra desistiu da viagem para a Europa, e deu as passagens para o Pinho Moreira. – Será que a passagem é só de ida , Tio Bruda ? – Tio Canga, quem duvida é loco! Mas o que se atina é que, por birra, o Raimundo não vai deixar o vice sentar na cadeira do governador. O Raimundo é tão ventana, que largou o Pinho prá europa, mais assanhado que solteirona em festa de casamento! Diz que deu pro Pinho, levar prá Europa, aquela caneta que o senhor lembrou outro dia, tio Canga. A que escreve como caneta e apaga como lápis. Não precisa nem borracha, tio Canga. – Mas que análise política, tio Bruda! O senhor é um sábio gaudério! – Tio Canga, como dizia o Martin Fierro: “el diablo, mas sabe por viejo do que por diablo”. Entendeu? E tem mais, tio Canga, o senhor sabe que eu sou muito cumparativo. – Putz, agora deste um banho, véio! Deixa de ser exibido, tio Bruda! – Tio Canga, vou cumparar essa ventaneada do Raimundo, com uma história que eu presenciei de corpo presente, lá na Confeitaria da Família, que fica do ladinho da prefeitura em Lages. – Histórias da serra eu gosto muito, Tio Bruda, são sempre engraçadas. – Pois então escute essa. Era o ano 87 ou 88, por aí. Tava o Nereu Góes, um artista lageano e funcionário da prefeitura, mais conhecido que parteira de campanha, tomando uma cervejinha em pleno horário de expediente, quando entra o prefeito de então, Paulo Duarte, meu amigo! – Bah! Pegou o homem em flagrante. – Escuta, tio canga, não te mete! O prefeito me cumprimentô, fez um lanche e quando foi pagar a conta, mandou o bolicheiro descontar mais quatro cervejas prô Nereu Góes. Diante do ocorrido, o Nereu que era mais ligeiro que enterro de bixiguento, perguntou pro Paulo Duarte: – Com estas quatro cervejas o senhor quer me prestigiar ou quer me demitir? – Entendeu, tio Canga, a cumparação?
– Oh! Tá bem entendido, tio Bruda!
– Tú…Tú…Tú…caiu a linha!